quinta-feira, 21 de junho de 2012

Cinema: Alien, uma revisão


Alien é a minha série cinematográfica predileta e pronto. Motivos para isso não faltam. Sou fã de filmes de ficção científica e de terror, e a série passeia muito bem pelos dois gêneros. O fato de cada produção da série ser assinada por um diretor visionário me empolga, ainda mais porque os cineastas são bons e agregam uma visão bem particular para o episódio que dirigiram. E Sigourney Weaver é uma deusa do cinema, mesmo ultimamente ela estando relegada a um bando de longas ruins e/ou esquecíveis (acompanhar o amadurecimento da atriz, física e emocionalmente, é uma das melhores coisas de rever a série em ritmo de maratona).

Com a estreia de Prometheus, volta de Ridley Scott ao gênero ficção científica e ao universo Alien (leia minha resenha aqui), resolvi rever os quatro filmes da série, esclarecendo que ignoro aqui os dois Alien vs Predador, que não vi e nem sei se verei um dia.
Alien, O 8º PassageiroRidley Scott dá o pontapé inicial da série e cria um filme tenso que mistura ficção científica e terror com louvor e dita as regras para todo e qualquer produção que traga um monstro em um ambiente fechado como elemento da história. Scott começa o longa sem pressa e estabelece a mítica que se estenderia por mais três capítulos da série. Criando um clima, seja por meio da fotografia e direção de arte precisa, seja pelo ritmo e tensão, o diretor demora a mostrar o alien e confunde o espectador ao não deixar claro quem é o herói/heroína do filme. O resultado é um belo exercício de suspense que, de certa forma, redefine o papel das mulheres no cinema. A tenente Ripley, interpretada com força por Sigourney Weaver, entrou diretamente no imaginário cinematográfico de toda uma geração de cinéfilos.

Alien, O Resgate – Depois do sucesso de "O Exterminador do Futuro", James Cameron recebe a tarefa de dar continuidade ao longa de 1979. A tensão do primeiro filme é trocada por um ritmo mais de ação, e o suspense de um monstro dentro de uma nave dá lugar a uma centena de aliens dominando um planeta, o que de certa forma banaliza a figura da criatura. O começo do filme é um pouco arrastado, e a equipe militar sempre com uma mulher meio macho virou quase uma marca registrada de Cameron. O filme tem cara de produção B, mas Sigourney Weaver revive Ripley de forma mais carismática (recebeu, inclusive, uma indicação ao Oscar pelo filme, coisa rara para uma atriz interpretando uma heroína em um longa de ação). Mesmo tendo envelhecido (muito mais do que o filme dirigido por Scott), "Alien, O Resgate" é uma continuação louvável, mesmo repetindo a estrutura narrativa do anterior. Não alcançou o status clássico do primeiro, mas nem precisava.
Alien 3 – Pela primeira vez um capítulo da série é assumido por um estreante no cinema. Tá certo que o cara, nada mais nada menos do que David Fincher (um dos principais cineastas da atualidade), destacou-se no mundo do videoclipe (“Express Yourself” e “Vogue”, da Madonna, e “Freedom 90”, do George Michael), mas videoclipe é videoclipe e cinema é cinema. Em meio a uma produção caótica, o longa faz uma volta ao passado e fica no meio termo entre o terror do primeiro e a ação do segundo. Mais uma vez temos apenas um monstro, e a atmosfera é bem mais importante do que a lógica narrativa (o fato de Ripley estar infectada nunca é explicado a contento, por exemplo). Entre os erros do diretor está o fato do alien ser em CGI, o que o torna bem menos assustador. O maior acerto é o final do longa, o mais emocionante da série.

Alien, A Ressureição – O filme mais caótico da série. Depois da morte da protagonista do final do terceiro (se você acha que isso é um spoiler, desculpa caríssimo, mas você nem merece viver), Ripley volta como um clone nessa continuação. A premissa do longa é bem interessante, mas seu desenvolvimento não. O francês Jean-Pierre Jeunet acerta na estética da produção, principalmente na forma clara e límpida como vemos os aliens, mas a narrativa é ligeira e sem nexo. Sigourney Weaver está bem a vontade voltando ao universo que a consagrou, e a relação dela com a robô interpretada por Winona Ryder é a melhor coisa do longa. É o capítulo da série com final mais esperançoso, mas a série merecia um desfecho melhor.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Brancas de Neve: Julia Roberts X Charlize Theron

 
Só mesmo Hollywood para fazer dois filmes sobre a Branca de Neve e ambos serem uma bomba. Das duas uma: ou a personagem é uma chata mesmo (e as duas atrizes que interpretam a talzinha nos dois longas não ajudam), ou Hollywood é de uma incompetência tamanha. Apesar da temática e ruindade em comum, os dois filmes não poderiam ser mais diferentes. Um aposta em um tom mais cômico e farsesco, o outro apela para uma paleta mais sombria e um pé na ação. Ambos fracassam em sua proposta.

Espelho, Espelho Meu estreou primeiro com um apelo mais infantil e naufragou. Razões para isso não faltam. O filme é dirigido pelo incompetente Tarsem, que dirigiu o videoclipe Losing My Religion, do REM, lá no início dos anos 1990, e depois só enfiou o pé na jaca (“A Cela”, “Anjos Caídos” e “Imortais”, cada um pior do que outro). O filme é protagonizado pela chata e sem sal Lily Collins, filha do Phil Collins (ou seja, a falta de carisma é de família). E o filme tem uma trama tão sem graça e imbecil que dá nos nervos.

A produção até tenta adotar um humor autoconsciente, mas em vão, já que ele fica perdido entre um roteiro de encomenda e uma produção exagerada e equivocada (os figurinos e a direção de arte são de um mau gosto que Meu Deus!). Nem os exageros de Julia Roberts como a rainha má e o bonitinho Armie Hammer sem camisa (os únicos que parecem estar se divertido) compensam. O final a la Bollywood é de chorar de constrangimento e enterra o filme de vez.

Branca de Neve e o Caçador segue outro caminho, mas o resultado é o mesmo: a nulidade cinematográfica. Quer ser sombrio, mas aposta mais na fotografia do que na narrativa para chegar a esse objetivo. Quer ser esteticamente relevante, mas tirando um figurino da rainha má aqui e uma cena melhor elaborada ali, não passa de mais uma produção ok de Hollywood.

Dirigido por um estreante que não lembro o nome, nem vou procurar no Google/IMDB, o filme não tem ritmo ou clímax, mesmo querendo ser uma coisa “O Senhor dos Anéis”. Ou seja, tá errado. Outro erro: acreditar na tábua da Kristen Stewart para criar empatia no público. E Charlize Theron está realmente linda, mas exagera na voz empostada e pausada da rainha. A atriz é, inclusive, meio esquecida no meio do filme, abrindo espaço para a fuga da Branca de Neve junto com o caçador beberrão (o loirão alto trocando o martelo e os figurinos do Thor por uma espada e armadura, mas fazendo as mesmas caras e bocas) e os anões mais chatos da galáxia (toda a cena da floresta coloridinha é qualquer coisa de ruim).

Na disputa entre a rainha má e engraçadinha de Julia Roberts e a rainha má e psicótica de Charlize Theron, quem sai perdendo é o público. Ou seja, cerveja. Fiquem mesmo com o desenho da Disney (produzido em 1937 e o primeiro longa-metragem animado, by the way) que é melhor para todo mundo.