Os Suspeitos: O
novo trabalho de Denis Villeneuve (“Incêndios”) está longe de ser um filme
perfeito graças a um roteiro que constrói toda uma estrutura narrativa
desonesta para tentar fugir do maniqueísmo tão comum ao cinema comercial
hollywoodiano. De um lado, a produção erra ao se apoiar demais nesse roteiro
cheio de furos e reviravoltas milimetricamente calculadas, de outro, acerta
graças a direção firme e tensa que Villeneuve emprega ao longa, amparado pela
fotografia magistral de Roger Deakins e pelo elenco dos deuses liderado por
Hugh Jackman e Jake Gyllenhaal. Villeneuve e o elenco sabem conduzir com louvor
os dilemas morais propostos pelo filme, empregando tensão e colocando o
espectador em uma posição desconfortável. Mas todo esse esforço se perde um
pouco diante desse roteiro amarradinho demais e propositalmente polêmico. De
qualquer forma, Jackman e Gyllenhaal se entregam de corpo e alma a seus
personagens e são os grandes responsáveis pela condução desse exercício de
tensão que ganha pontos ao tentar fugir (mesmo que, às vezes, sem sucesso) de
uma visão mais moralista.
Gravidade
– “Gravidade” é o filme da vez, mas não é o melhor trabalho de Alfonso Cuarón,
que fez longas mais complexos em “E Tua Mãe Também” e “Filhos da Esperança”. A
maior qualidade desse novo trabalho do diretor é mesmo técnica, uma realização
complicada que demonstra toda a capacidade visionária do diretor na tela
grande. É um grande feito audiovisual que coloca todo seu peso na apreensão das
imagens e dos sons que desfilam, muitas vezes sem cortes, diante dos olhos e
ouvidos da plateia. Mas toda essa perfeição técnica, que resulta no melhor
cinema que possamos esperar, não encontra mesma ressonância no roteiro, um
fiapo de história que pisa muito forte no terreno do piegas e da redenção/superação.
Nada contra. Mas, convenhamos, “Gravidade” pode ser um ótimo filme e entretenimento, mas está
longe de ser um “2001, Uma Odisseia no Espaço”, produção a que ele é
constantemente comparado. Mas essa é só minha opinião (sim, Sandra Bullock está
muito bem, mas sua atuação de certa forma só reforça o pieguismo do filme; e
George Clooney, charmoso e engraçadinho no espaço, não combina, ou pelo menos
não deveria combinar, com a proposta do longa).
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
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