Mesmo não sendo um filme perfeito, não se pode negar que Enterrado Vivo seja acima de tudo uma produção corajosa. Com uma história simples (mas cheia de leituras), o longa traz uma trama inusitada. O personagem de Reynolds acorda enterrado dentro de um caixão, com apenas um isqueiro, uma lanterna e um celular. Depois descobrimos que ele é um motorista de caminhão e está no Iraque, tendo sido sequestrado por bandidos/terroristas que exigem um resgate em dinheiro.
A partir daí, o diretor espanhol Rodrigo Cortés constrói um filme tenso e claustrofóbico que coloca todo seu peso sob os ombros de Ryan Reynolds. "Enterrado Vivo" dura cerca de uma hora e meia e se passa todo dentro do caixão, sem nenhum tipo de alívio para o espectador, que experencia a mesma sensação de Reynolds, preso em um espaço pequeno, apertado, com pouco ar e sem iluminação (metaforicamente quase remetendo à sala escura do cinema).
Se o ator é quem segura a onda e torna a história plausível para o espectador, Cortés toma as decisões certas e não hesita em mostrar longos planos escuros no qual só ouvimos o que acontece e fotografar o filme apenas com as luzes dos objetos que Reynolds tem em mãos (o isqueiro, a tela do celular, uma lanterna e dois sinalizadores).
O resultado é um filme intenso, que passa longe de ser arrastado ou tedioso, e que ainda lança uma série de críticas ao sistema americano: seja à política de resgate do exército americano, que se recusa a negociar com os sequestradores/terroristas, seja ao modo como a empresa que contrata Reynolds lida com a situação.
Filmado sem grandes concessões, o filme só perde um pouco do impacto no final, quando o diretor se alonga demais para concluir o longa e acaba apostando em resoluções um tanto apelativas. A impressão que fica é que Cortés gostou demais da ideia da produção e não soube abrir mão de situações que não agregam nada à trama.
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