A Invenção de Hugo Cabret: Homenagem é uma das palavras mais banalizadas da existência terrestre, qualquer Zé Mané usa sem a menor parcimônia, mas aqui cabe usá-la. Mesmo com um tom um tanto didático e abordagem infantil, Martin Scorsese faz uma bela homenagem ao cinema e a George Méliès nesse filme visualmente arrojado e narrativamente emotivo. Só ganhou prêmios técnicos, o que só comprova que o Oscar não vale nada.
Meia Noite em Paris: Só gente muito sem noção para comprar a balela de que Woody Allen voltou. “Match Point” e “Vicky Cristina Barcelona” são o que então? Esse novo filme de Allen não tem nada de novo, e o cineasta já fez coisas parecidas e de melhor qualidade. Mas o longa tem seu charme, é fácil de assistir e traz uma bela Paris como pano de fundo. Seria melhor caso o público pseudointelectual não ficasse se contorcendo na poltrona a cada referência cult que o diretor joga na tela. Mas aí a culpa não é do filme, né! O Artista: Outro longa bonitinho e ordinário, o filme só vale pela experiência de vermos um filme mudo na telona de um multiplex. No mais, é genérico, melodramático e repetitivo. Uma boa experiência para ser vista, ouvida e logo em seguida esquecida. O mérito do filme é se sobressair em meio a uma pilha de produções medíocres. E só. Será uma vergonha em um futuro próximo. Claro que ganhou todas as categorias principais, o que só confirma que prêmio mais coxinha não há.
Cavalo de Guerra: Steven Spielberg filma sua versão de “O Corcel Negro” com uma roupagem épica de plástico para público de novela do Manoel Carlos chorar. Genérico até a alma, o filme tenta emular um cinema clássico que se contorce de vergonha em algum lugar do passado. É um cinema de encher os olhos e de secar a alma. Só não é pior porque Spielberg sabe como filmar belas cenas em meio a uma narrativa esquemática e episódica. O final com fotografia de “nunca mais passarei fome!” é de doer.
Os Descendentes: Sério que Alexander Payne amadureceu como cineasta? Com isso aqui?!? Filme cheio de boas intenções que começa e termina sem dizer a que veio, a não ser que você considere a velha e batida lição de moral ambientalista e familiar como algo relevante. O longa passa diante dos olhos do espectador, os atores chamam a atenção e a trilha sonora havaiana incomoda e cansa. Bons tempos aqueles em que os roteiros de Payne tinham ironia ("Ruth em Questão", "Eleição", alguém?!). De boas intenções, o inferno cinematográfico está cheio.Histórias Cruzadas: Hollywood já fez esse filme antes. Ele era bem melhor, mais honesto e se chamava “Uma História Americana”. Essa é uma versão para Disney ver da velha história de preconceito entre brancos e negros. O elenco se esforça. A história vai passando na sua frente. E a impressão que temos é que o filme é um puta pastel de vento: apetitoso em sua embalagem, completamente vazio por dentro. Vale pelo elenco tentando dar algum sabor a coisa toda.
A Árvore da Vida: Se vamos ser pretensiosos, vamos pelo menos filmar com propriedade, né! Terrence Malick joga na cara do público intelectualóide do Reserva Cultural o quanto ele é maconheiro nessa viagem etérea e sem sentido pelo cerne da “existência humana”. Em outras palavras: meu cu! Chato como a vida, o longa (realmente bem longo) só se salva por causa da fotografia dos deuses. O que é muito pouco, convenhamos!O Homem que Mudou o Jogo: Brad Pitt merecia um Oscar só por prender a atenção nesse filme chato para caralho sobre um esporte que ninguém realmente entende: beisebol. Se eu não compreendo nem a lógica do que é um impedimento, o que dirá as regras desse jogo no qual homens pegam em um cassetete e tentam rebater uma bola sabe-se lá porque. De qualquer forma, Pitt entrega uma atuação envolvente e cheia de simpatia em um longa qualquer nota previsível e desprovido de alma. A quem interessar possa, além de ótimo, Brad Pitt está lindo como nunca.
Tão Forte e Tão Perto: Stephen Daldry joga na cara do espectador o quanto é manipulador e desonesto nesse arremedo de filme. Protagonizado por uma das crianças mais irritantes do cinema contemporâneo, que ainda narra tudo em off, Tão Forte e Tão Perto é tortura audiovisual. Simplista e simplório, o filme afunda a carreira de Daldry no poço da mediocridade. Só não é pior porque Sandra Bullock surge, vez ou outra, como um respiro de dignidade em meio a um caos narrativo de fazer chorar (no mal sentido).Se o mundo fosse justo...
...ao invés de uma lista de filmes ora medíocres, ora equivocados, ora qualquer coisa, a Academia de Artes Cinematográficas teria ousado e aberto espaço para títulos como a versão cult (bem) melhorada de "60 Segundos" (Drive); o fim do mundo cabeça de Lars Von Trier (Melancolia); a volta em grande estilo de David Fincher ao universo dos serial killers (Os Homens que não Amavam as Mulheres); a atuação dilaceradora de Tilda Swinton em um filme igualmente pertubador (Precisamos Falar Sobre Kevin); o emocionante drama familiar em meios aos ringues de UFC (Guerreiro); e até o drama iraniano para Ocidente ver (A Separação). Mas de justo, o mundo não tem nada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário