Eu não entendo muito de música,
musicalmente falando. Pouco me importa saber sobre harmonia, notas musicais,
qual a diferença entre baixo e guitarra e mais outras tantas nuanças da música.
Mas eu adoro música. Ouço música dia e noite, no trabalho, tomando banho, no
transporte público e dentro do avião, quando estou feliz ou nem tanto. Então
nada me deixa mais animado do que ir a shows, espetáculos musicais das bandas e cantores
que eu gosto e amo e ouço e danço. Mesmo eles sendo bem caros.
Dito isso, no último sábado,
compareci pela terceira vez seguida ao Planeta Terra, meu festival preferido.
As razões são várias: o festival só acontece em um dia, sempre tem uma produção
impecável, nem é tão caro, e é dono de um público e uma pegada indie-hipster-cult-gay
que muito me interessa, digamos assim.
Na sexta edição do festival, o
Planeta Terra trouxe mais de 10 atrações. Eu só conferi quatro. Porque festival
é isso, é escolha, por mais chato que seja. Então nada de The Drums, Azelia
Banks ou The Maccabees, shows que queria ter visto. Mas tudo bem, não se pode
ter (ver) tudo.
Mas o saldo foi bem positivo. Pra
mim, o festival começou com o show da Little Boots, que pôde ser conferido
graças ao cancelamento do Kasabian (antes Little Boots chocaria com Suede e,
claro, que eu ia preferir o som dos anos 90 à batida eletrônica do projeto de Victoria
Christina Hesketh). E um viva ao Kasabian! O som bem eletrônico e dançante de
Little Boots não combina muito com o dia claro e o ambiente ao ar livre. Mas quem
se importa. Eles tocaram “Remedy” e “Shake” e fizeram um show dançante e
pulante acompanhado pelo carisma/timidez da moçoila, que nem é tão moçoila
assim.
Suede fez o melhor show da noite.
Eu até poderia dizer “de longe, o melhor show da noite”, mas o Gossip chegou
junto. Liderado por um Brett Anderson cheio de vigor, o Suede fez um show
pauleira que não abriu espaço para descanso e deixou o público sem fôlego com
um hit atrás do outro. Faltou “Stay
Togrether”, mas teve “The Beautiful Ones”, “Everything Will Flow”, “So Young”, “We
Are the Pigs” e até algumas lágrimas (minhas) em “The Wild Ones”. Que
banda linda! Que show lindo! E que Brett Anderson Deus!
Depois foi a vez de outra banda saída
dos anos 90. Não sou tão fã do Garbage quanto do Suede, então achei o show um
pouco caído, apesar de puta presença de palco de uma falante Shirley Manson. A
cantora, que quase transforma o palco em passarela, tem uma voz poderosa, mas
só me empolguei mesmo com os hits hits: “Queer”, “Only Happy When It Rains”, “Stupid
Girl” e mais algumas canções. Ainda que sem o ritmo frenético apresentado pelo
Suede, o Gargabe fez um bom show.
Para fechar tudo, teve Gossip. Eu
gosto da banda, mas não sou fã, fã. Mas que puta show. Beth Ditto entrou
quebrando tudo. Cancelou mil vezes, mas fez “O” show. Simpática, carismática,
diva e bêbada, Ditto surpreendeu a todos, menos pelo vozerão e mais pela
atitude cordial e alegre, nada abusada. Com direito a goles de caipirinha,
arrotos involuntários ao microfone e muitas bitocas nos fãs “peito na grade”, a
cantora conquistou a todos não apenas com os hits “Heavy Cross”, “Standing in
the Way of Control” e tantos outros, mas pela catarse que promoveu em cima do
palco e junto ao público.
Muita gente reclamou da mudança do Planeta Terra do Playcenter para o Jockey Club, do festival que não estava lotadão e mesmo do line-up "meia boca". Para mim, a proximidade com o metrô Butantã é uma vantagem, a não lotação também, já que as filas eram dignas e dava para se movimentar com tranquilidade entre os palcos, e, principalmente, as bandas eram, acima de tudo, boas. Que venha o Planeta Terra 2013!
E que venham outros festivais de música boa. Eles são caros, cansativos, mas valem muito como experiência musical e de diversão. E, nesse sentido, posso não entender de música, musicalmente falando, mas abraço a música da melhor forma que posso.