“Violence, I hate your violence!”. Esqueça
aquele filme picareta dos nos 90 com Sylvester Stallone. Dredd 3D é a
verdadeira adaptação do personagem dos quadrinhos para o cinema. Violenta sem
pudor. Violentíssima sem ter vergonha disso. Quem é sensível ou reclama da
violência excessiva do cinema atual vai sair um tanto chocado. E com
razão. Sem grandes nomes no elenco, um orçamento relativamente baixo para uma
produção com tal encenação e efeitos e sem pretensões a ser um grande
blockbuster, o diretor Pete Travis aproveita a liberdade que tem em mãos e cria
um filme tenso, sujo, violento, amoral e banhado em sangue.
Em um futuro distante, o mundo
não é mais como o conhecemos, e a sociedade chutou o balde. Policiais atuam
como investigadores, juízes, júri e executores e tentam manter a ordem diante
de um caos generalizado e estilizado. Travis é muito eficiente na construção do
universo que serve de cenário para uma trama reacionária e fascista onde
“bandido bom, é bandido morto”. Não existe dualidade nessa ambientação
distópica. Os bons tentam sobreviver como podem. Os maus são tão maus como só o
cinema pode representar.
Travis acerta também ao não
enrolar muito e apresentar sem muitos rodeios seu “herói” e a trama do filme. O
Juiz Dredd tem como incumbência levar uma novata com poderes telepáticos para o
meio das ruas para testar sua capacidade de resistência em meio ao perigo.
Claro que tudo dá merda, e ele e a novata se vêem envolvidos em um jogo de gato
e rato, presos em um prédio gigantesco e rodeado de gente que quer apenas arrancar
a pele dos dois.
A partir daí, o que poderia ser
um mero remake de “Duro de Matar” parte para cima do espectador sem pena.
Balas, tiros e explosões criam uma tensão que nunca para e elevam a experiência
de se assistir ao filme em uma tela grande e em alto e bom som. O 3D reforça
tudo isso e deixa claro que o longa não está para brincadeira. Travis se reveza
entre apresentar a violência do filme de forma crua e dar uma plasticidade a
ela. Se a crueza dos tiros sendo disparados causa arrepios, a estetização da
mesma deixa o vermelho mais colorido, mas sem poupar o público.
Entre a ideologia fascista e a violência
exacerbada, o filme de Pete Travis cumpre seu papel. É tenso, preciso e quase
envolvente em sua ambientação caótica. Uma adaptação digna e honesta de um
quadrinho violento e controverso. No final das contas, o longa acaba sendo uma
experiência ética, estética e quase sensorial. Não é pouco para uma produção
que, para muitos, pode cair na vala das adaptações de “heróis” dos quadrinhos.
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