segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Cinema: Dredd 3D

“Violence, I hate your violence!”. Esqueça aquele filme picareta dos nos 90 com Sylvester Stallone. Dredd 3D é a verdadeira adaptação do personagem dos quadrinhos para o cinema. Violenta sem pudor. Violentíssima sem ter vergonha disso. Quem é sensível ou reclama da violência excessiva do cinema atual vai sair um tanto chocado. E com razão. Sem grandes nomes no elenco, um orçamento relativamente baixo para uma produção com tal encenação e efeitos e sem pretensões a ser um grande blockbuster, o diretor Pete Travis aproveita a liberdade que tem em mãos e cria um filme tenso, sujo, violento, amoral e banhado em sangue.
 
Em um futuro distante, o mundo não é mais como o conhecemos, e a sociedade chutou o balde. Policiais atuam como investigadores, juízes, júri e executores e tentam manter a ordem diante de um caos generalizado e estilizado. Travis é muito eficiente na construção do universo que serve de cenário para uma trama reacionária e fascista onde “bandido bom, é bandido morto”. Não existe dualidade nessa ambientação distópica. Os bons tentam sobreviver como podem. Os maus são tão maus como só o cinema pode representar.
 
Travis acerta também ao não enrolar muito e apresentar sem muitos rodeios seu “herói” e a trama do filme. O Juiz Dredd tem como incumbência levar uma novata com poderes telepáticos para o meio das ruas para testar sua capacidade de resistência em meio ao perigo. Claro que tudo dá merda, e ele e a novata se vêem envolvidos em um jogo de gato e rato, presos em um prédio gigantesco e rodeado de gente que quer apenas arrancar a pele dos dois.
 
A partir daí, o que poderia ser um mero remake de “Duro de Matar” parte para cima do espectador sem pena. Balas, tiros e explosões criam uma tensão que nunca para e elevam a experiência de se assistir ao filme em uma tela grande e em alto e bom som. O 3D reforça tudo isso e deixa claro que o longa não está para brincadeira. Travis se reveza entre apresentar a violência do filme de forma crua e dar uma plasticidade a ela. Se a crueza dos tiros sendo disparados causa arrepios, a estetização da mesma deixa o vermelho mais colorido, mas sem poupar o público.
 
Entre a ideologia fascista e a violência exacerbada, o filme de Pete Travis cumpre seu papel. É tenso, preciso e quase envolvente em sua ambientação caótica. Uma adaptação digna e honesta de um quadrinho violento e controverso. No final das contas, o longa acaba sendo uma experiência ética, estética e quase sensorial. Não é pouco para uma produção que, para muitos, pode cair na vala das adaptações de “heróis” dos quadrinhos.

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