Django Livre: O sucesso de crítica e público de Bastardos Inglórios não fez bem a Quentin Tarantino. Depois de toda ovação, o resultado é Django Livre, sua esperada incursão pelo mundo dos westerns. Vindo de Tarantino, ninguém esperava que “Django” fosse um faroeste tradicional, já que o cineasta segue uma proposta estética bem peculiar. Sendo assim, o novo trabalho do diretor é bem “tarantinesco”, seja subvertendo regras de um gênero ou lançando um olhar cômico sobre a violência. Mas, ainda assim, o filme é um dos seus trabalhos mais irregulares, e um dos problemas de “Django Livre” é certo exagero épico que não cola. Longo demais e, às vezes, mal amarrado, Tarantino pesa a mão e entrega um filme sem grandes cenas que só fica na memória graças a três ótimas interpretações: Christopher Waltz, Leonardo DiCaprio e Samuel L. Jackson. Nem mesmo a música chega a ser marcante e, apesar da boa trilha musical, a associação som e imagem é tão pálida e sem graça quanto a atuação de Jamie Foxx. A participação especial do diretor ao final do longa só comprova que o ego de Tarantino é tão inchado quanto à duração de “Django Livre”.
O Mestre: Depois dos ótimos
“Boogie Nights” e “Magnólia”, Paul Thomas Anderson começou a trilhar um estilo
narrativo, digamos, mais estranho. A comédia romântica “Embriagado de Amor” já
mostra os primeiros passos do diretor em busca de um novo caminho para seu
cinema. O elogiado “Sangue Negro” consolida essa mudança e, agora, O Mestre
dá continuidade à empreitada. Dito isso, o novo trabalho de Anderson não é um
filme fácil e se afasta mais ainda da narrativa clássica a que estamos
acostumados. Acompanhado por uma fotografia impressionante e uma trilha musical
que praticamente desconstrói as cenas, Anderson entrega uma obra poderosa,
ainda que irregular. Dirigido com precisão pelo cineasta, a grande força de “O
Mestre” são as interpretações de Joaquin Phoenix e Philip Seymour Hoffman, que
entregam atuações complexas em um filme que clama por mais atenção e peca pela
falta de um roteiro mais elaborado. Ainda assim, vale a pena ver o longa no
cinema, nem que seja pela produção caprichadíssima ou mesmo pela pequena, mas
marcante, atuação de Amy Adams.
O Lado Bom da Vida: De modo bem exagerado, O Lado Bom da Vida é tipo uma mistura de “Um Estranho no Ninho” com alguma
comédia romântica estrelada pela Meg Ryan (nos tempos áureos dela, claro). Pat
e Tiffany passaram por momentos difíceis e iniciam uma amizade tendo como ponto
em comum seus distúrbios psicológicos. Ela está realmente interessada nela; já
ele quer a ex-mulher de volta e vê em Tiffany uma ponte de contato com esta. Os
motivos da aproximação entre os dois são diferentes, mas a química é autêntica.
E é graças a essa química entre as personagens (e os atores Bradley Cooper e
Jennifer Lawrence) que essa comédia “água com açúcar” de David O´Russell foge
do convencional, ainda que faça uso de basicamente todas as regras do gênero,
com direito a rapaz correndo atrás da mocinha no final. Além das atuações e
carisma de todo o elenco, destaca-se a edição que praticamente remete à
bipolaridade do personagem de Cooper. Ainda que fluido, bem escrito e fácil de
ver e gostar, “O Lado Bom da Vida” é apenas o “feel good movie” da vez. Não que
isso seja um defeito.
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