Abismado como “Mama” é ruim.
Mesmo com o selo de qualidade Guillermo del Toro estampando o cartaz e o
trailer do longa, o filme do estreante Andrés Muschietti segue a mesma proposta
de outra produção de Del Toro, o fraco Não Tenha Medo do Escuro, e erra feio.
As duas produções têm problemas semelhantes: ambas são filmes de terror que
buscam no cinema de antigamente a ambientação e a motivação para a criação de
uma mitologia, mas se apoiam nos efeitos e na edição dos dias de hoje,
resultando em longas sem identidade alguma.
Tudo em Mama parece ser forçado
e tão cinza e apático quanto sua fotografia. Da interpretação de Jessica
Chastain, uma boa atriz perdida em um roteiro ruim e direção amadora, à direção
de arte sujinha e escura, desde o início o filme já deixa claro que vai se desenvolver
sem surpresas e aos trancos e barrancos até o clímax sem o mínimo de tensão.
O maior dos problemas nem é a
trama absurda, comum ao gênero, mas, sim, a falta de ousadia de um filme
arrastado, incoerente e que prega um susto aqui e ali sem nunca realmente
empolgar. É meramente um exercício estilístico que nunca dá certo e faz mal uso
de todos os clichês possíveis.
A história segue a tradição dos
filmes de terror com protagonistas infantis. Clichê número um: crianças em
longas de horror sempre são um mau sinal e têm questões de
paternidade/maternidade mal resolvidas.
Parte da ambientação e tensão desses longas
é decorrente da trilha musical e dos efeitos sonoros. Clichê número
dois: “Mama” tenta desesperadamente criar alguma lógica por meio de sua trilha
que mistura tons de fábula mais doces à la “Edwards Mãos de Tesoura” com instrumentação
mais pesada e cortante que lembram um tanto “Psicose”.
Filmes assim também
precisam de morte, sangue e insetos. Clichê número três: o personagem burro e
que não desperta nenhuma empatia do público descobre pistas importantes e vai
procurá-las em uma cabana bem no meio da noite, simplesmente para morrer e não
deixar a menor saudade.
Sem nenhum atrativo, o filme corre
em marcha lenta relevando o trabalho medíocre do diretor. A trilha sonora é má
utilizada, antecipando e marcando todos os sustos sem a menor sutileza. A
direção de arte, a fotografia e ambientação não apresentam um sinal de
criatividade sequer. E o ritmo do longa é frouxo e só reforça as muitas falhas de
roteiro. O resultado é terror de menos e comédia involuntária de mais.
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