segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Cinema: Pílulas


Capitão Phillips - Paul Greengrass não brinca em serviço e é responsável pelos filmes mais tensos dos anos 2000 (os dois melhores exemplares da franquia Bourne, "Voo United 93"). Capitão Phillips segue a fórmula estabelecida pelo próprio diretor, cheio de movimentos de câmara rápidos, cortes secos e uma linguagem que tenta emular a documental para criar tensão e mostrar urgência. O filme narra um episódio verídico envolvendo pirataria contemporânea em alto mar e um Tom Hanks em seu melhor papel em muito tempo. É graças à atuação do ator que o filme ganha um verniz mais emocional e humano e vai além de uma mera produção com toques de ação. O final é de partir o coração e saí do cinema querendo dar um abraço amigo no ator.

À procura do amor – Apesar de usar o ser humano como maior fonte de inspiração para suas histórias, é cada vez mais raro ver no cinema personagens que pareçam reais. As fórmulas e clichês propagados pela sétima arte nem sempre abrem espaço para a credibilidade, e o que vemos são personagens bidimensionais e maniqueístas criados como joguetes para que roteiros funcionem. Essa comédia romântica vai de encontro a essa proposta e deixa que seus personagens, reais e cativantes, prevaleçam e tomem conta da tela. Partindo de uma premissa bem interessante (como a percepção do outro acaba influenciando nossa própria percepção), a diretora Nicole Holofcener deixa que Julia Louis-Dreyfus e James Gandolfini (em seu último papel no cinema) engulam o roteiro e façam os olhos brilharem e o coração da plateia bater mais forte em um filme sensível e honesto.

Um estranho no lago – Há tempos um filme não me incomodava tanto. Levantando uma série de questões que permeiam o universo homossexual, o longa joga na cara do espectador temas como morte e amor próprio. Desnudando física e psicologicamente os personagens, o filme de Alain Guiraudie foca suas lentes nos corpos e atitudes de um grupo de homens que vai pegar sol e caçar sexo nas redondezas de um lago durante o verão. Ousada e forte, a produção é econômica (toda a trama se passa ao redor do lago), não oferece respostas e deixa um gosto amargo na boca do público.

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