Reza a lenda de que mais vale um
filme ruim do Woody Allen na mão do que um bom de outro diretor voando. Uma
bobagem tão disseminada e preguiçosa como alguns longas do próprio diretor, um
dos mais prolíficos cineastas norte-americanos. Entra ano e sai ano, o rapaz
lança um filme, então é óbvio que alguns destes sejam mais fracos ou
esquecíveis do que outros. Para cada pérola ali, há muita porqueira acolá.
Para Roma com Amor pode não ser
tão ruim quanto “Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos” (o último filme todo
errado do diretor), mas o diretor quase chega lá. Se escondendo por trás das
belas imagens de Roma e na própria fórmula de filme-cartão postal que o diretor
estabeleceu em “Vicky Cristina Barcelona” e “Meia-Noite em Paris”, Allen tenta aqui
emular Robert Altman com um mosaico que é equivocado em partes e chato no todo.
São três ou quatro histórias que
nunca se conectam, mas que repetem tudo o que Allen já fez. Para alguns, isso
pode ser o suprassumo do genial e “olha como ele é bom”. Mas para mim é
entediante. Ainda mais porque, aqui, vemos o diretor interpretando a si mesmo
pela milionésima vez. Quando o filme é bom, a gente releva. Em “Para Roma com
Amor”, é mais um defeito da produção.
Entre uma história e outra, temos
direito a muitos clichês sobre Roma e o povo italiano, Penélope Cruz e Judy
Davis se repetindo, uma crítica óbvia e pobre sobre a mídia esticada à
exaustão, Ellen Page pagando (sem convencer) de garotinha sexy, muito blablablá
sobre arte e psicanálise e algumas piadas realmente interessantes para tentar
salvar o todo (a do tenor que só canta bem debaixo do chuveiro parece ser a
mais acertada, ainda que exagerada). Tudo em vão, claro. Além de deveras longo,
“Para Roma com Amor” se torna ainda mais irritante graças à patrulha “Não falem
mal de Woody Allen”. Sono.
Uma das coisas que mais me
incomodou durante a projeção é que as três ou quatro histórias se passam em
tempos cronológicos diferentes. Claro que eu entendo que a continuidade
temporal não é uma obrigatoriedade, mas eu fiquei com a impressão de que o
editor não tava muito empolgado e resolveu “inovar”. Passei a sessão do filme
inteira com vontade de mandar parar a projeção para devolverem a “obra” para
sala de montagem. Mas enfim, é Woody
Allen, né, então ele pode. E essa “falha” está longe de ser a única de “Para
Roma com Amor”.
Na linha "viagens pela Europa", "Match Point" continua imbatível, seguido por "Vicky Cristina Barcelona", "Meia-Noite em Paris" e o resto. Que venha então o próximo país da rota turística do diretor. Só espero que desta vez ele esteja mais inspirado. "Para Roma com Amor" é para aqueles que se contentam com pouco.
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