segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Cinema: Ted

Ted é um belo cartão de visitas para Seth MacFarlane. Advindo da televisão, o rapaz estreia como diretor no cinema com um filme que apela na medida certa para o humor inteligente e o romance água com açúcar. De quebra, ainda traz referências e mais referências à cultura pop e uma trama que pode até não fugir do esquema hollywoodiano de final feliz, mas adota o convencional sem deixar de piscar o olho para o público.

Assim olhando de longe, “Ted” se enquadra muito bem na categoria das típicas comédias hollywoodianas sempre prontas a deixar uma lição de moral em meio a um cineminha quadrado e redondinho. “Ted” até cumpre esse papel, chegando ao final com tudo no lugar, reforçando a importância da amizade e mostrando que o amor, realmente, supera tudo. Mas é entre o começo que remete a um conto de fadas e o final bem caretinha que “Ted” conquista, seja pelo humor ligeiro, seja pelas citações ou mesmo a autoconsciência do roteiro.
Para melhorar ainda mais o negócio, MacFarlane não se contenta em deixar tudo a cargo do texto e dos atores e dirige com certa competência, apostando em recursos visuais bem pouco comuns a comédias despretensiosas. A edição é acelerada, as brincadeiras visuais com a série Flash Gordon são um delírio, e até uma cena de luta bem realista e violenta quebra a aparente convencionalidade estética do filme.

O resultado é uma produção que foge do politicamente correto sem ser agressiva ou gratuita e abraça a premissa surreal sem muitos questionamentos. John Bennett tem, sim, seu melhor amigo em um urso de pelúcia falante, e o filme e o mundo aceitam isso muito bem.  Só ajuda o fato de Mark Wahlberg ter a cara de pastel perfeita para interpretar o trintão com complexo de Peter Pan que tem como grande guia espiritual seu urso de pelúcia irresponsável e que vive chapado. Mila Kunis interpreta muito bem a garota ideal. E Seth MacFarlane acerta no tom debochado de Ted.
Entre uma bobagem aqui e outra acolá (Giovani Ribisi como o maluco obcecado por Ted ou mesmo a subtrama do chefe de Kunis dando em cima dela são bem dispensáveis), a produção evita que distrações ou clichês desviem a atenção do que realmente importa: cenas hilárias e humor debochado e sem vergonha. O longa dá lá uma caída no final para amarrar as pontas soltas e deixar claro a boa e velha lição moral, mas até chegar lá o público já foi conquistado e está pronto para sair do cinema e correr para a primeira loja de brinquedo comprar um Ted para chamar de seu. Eu quero o meu. 

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