Hitchcock – O mestre
do suspense merecia homenagem melhor do que este filme genérico sobre as
filmagens do clássico “Psicose”. Indeciso entre a homenagem ao cineasta e o
drama matrimonial, o longa se perde com um roteiro sem graça e a direção
qualquer nota do estreante Sacha Gervasi. A interpretação caricata de Anthony Hopkins
e a maquiagem equivocada (indicada ao Oscar!!!) reforçam o tom inadequado da
produção. Salvam-se os esforços de Helen Mirren (que está bem, mas faz apenas o
feijão com arroz) e Scarlett Johansson (pouco aproveitada, mas luminosa). O
restante do elenco (Danny Huston, Toni Collette, Jessica Biel, James D´Arcy)
pouco aparece. No final, o filme lembra produções como “Sete Dias com Marilyn”,
simpática, mas totalmente esquecível.
A Hora Mais Escura
– O novo filme da orcarizada Kathryn Bigelow pode não ter o mesmo senso de
entretenimento de “Argo”, mas é muito mais cinema. Com um ritmo tenso, mas
longe da edição frenética vigente no cinema de ação, Bigelow narra a caça do
governo dos EUA, por meio da vontade de uma mulher (Maya, interpretada com
força por Jessica Chastain), ao terrorista Osama Bin Laden. O roteiro é bem
construído, e Bigelow imprime peso ao filme e mostra toda sua competência
durante o clímax da produção. Com edição e fotografia caprichadas, um elenco de
apoio competente e uma resonância histórica que ainda reverbera nos dias de
hoje, “A Hora Mais Escura” perdeu visibilidade graças às acusações de que o
filme seria pró-tortura. Sim ou não, é uma produção que merecia mais atenção.
Deixe a Luz Acesa
– Não existe final feliz no “cinema gay”. Em “Deixe a Luz Acesa”, Ira Sachs
conta o início, o meio e o fim do relacionamento entre Erik (o ótimo Thure
Lindhardt) e Paul (Zachary Booth). Os dois se amam, mas a relação conturbada é
permeada por drogas, sexo e traições. A direção convencional de Sachs e o
roteiro elíptico, que de certa forma diminuem a força da história, são
compensados pela intensidade das interpretações e por algumas cenas de destruir
corações. Mesmo sendo um filme duro que retrata as dificuldades de um
relacionamento, “Deixe a Luz Acesa” opta pela melancolia ao invés da tristeza. O
final é esperançoso, mas está longe do final feliz das comédias românticas.
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