Para um público ocidentalizado, acostumado com os dramas e os melodramas do cinema hollywoodiano, o filme israelense pode parecer frio e distante. Afinal, mesmo tocando em um tema "polêmico" (odeio esse termo!), o longa não apela para o drama fácil ou às explosões dos personagens como forma de catarse.
Dirigido por Haim Tabakman, o filme narra de forma contida a história de um judeu ortodoxo (Aaron), casado e com filhos, que se apaixona pelo seu ajudante (Ezri). Sem ter como foco principal a paixão ou o sexo em si, apesar de mostrar com certa delicadeza a forma com Aaron e Ezri se aproximam, se tocam e se amam, Pecado da Carne se detém mais nas consequências causadas pela relação entre os dois, já que ambos sofrem o preconceito e a desconfiança tão comuns às sociedades mais tradicionais, ou hipócritas, se preferirem.
Dos rumores no bairro, passando pelos olhares de reprovação em silêncio da esposa de Aaron, tudo fica mais subentendido do que propriamente dito. O espectador ocidental clama por gritos e lágrimas, Tabakman entrega um ritmo lento e emoções contidas. A tragédia aqui é mais internalizada do que propriamente verbalizada ou vivenciada.
Se os conflitos parecem ser evitados pela narrativa, o filme convence justamente por representar o olhar de uma sociedade conversadora e que vive baseada em duras condutas morais e religiosas. Não que o filme faça uso desse conservadorismo ou moral para se apoiar. Muito pelo contrário. Enquanto esse ponto de vista reacionário impregna as personagens, a direção de Tabakman não está aqui para julgar e deixa o espectador chegar às suas próprias conclusões.
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