A pedidos (na verdade, a um pedido dessa moça
aqui), eis a segunda parte do melhor que vi em 2010: categoria seriados.
Eu já fui viciado em seriados, assistia vários, comédias, dramas, romances. Junto com a Felicity, era apaixonado pelo Ben e pelo Noel. Me distraí com as aventuras e desventuras de Carrie, Samantha, Miranda e Charlotte em Sex and the City, sempre sonhando com as ruas, as baladas e festas e os homens de Manhattan. Achava Dawson uma graça, apesar de chato. Torcia por Will e pela Grace. Ria das bobagens de Friends e That 70's Show. E mais tantos outros, que não lembro, não marcaram muito ou vi apenas alguns episódios perdidos. Isso sem falar nos seriados da infância e adolescência, dos anos 80 e 90 ("MacGyver", "Dama de Ouro", "Anjos da Lei", "Alf, o ETeimoso", "Barrados no Baile", "Melrose Place" e por aí vai).
Mas o tempo passa, o tempo voa e a vida muda. Deixei os seriados de lado e me entreguei a outros vícios (que não mencionarei aqui porque esse é um blog de família). A falta de uma TV a cabo e o desconhecimento das maravilhas que um torrent pode fazer por você ajudaram, claro. Mas devo confessar que, do nada, ficar acompanhando personagens anos a fio me cansou um pouco. Resolvi deixar de viver a vida dos/pelos outros e fui viver a minha. Quebrei um pouco a cara, fato, mas tudo bem.
Em 2010, porém, tudo mudou e voltei a me fascinar por seriados. Deixei novos personagens entrarem na minha vida sem medo e abracei alguns seriados com todas as forças do meu ser. Foram poucos, é verdade, ainda tenho todo um potencial e séries a serem explorados. O tempo ocioso está aí para isso.
A primeira série que me arrebatou foi
Dexter. Sim, a série existe há um bom tempo, mas só em 2010 fui conhecê-la. Me apaixonei por Dexter, um serial killer de serial killers. Drama, suspense, um pouco de ação e comédia em tramas cheias de reviravoltas rechearam temporadas que foram num crescendo que alcançaram o ápide da dramaticidade e da perfeição no chocante episódio final da 4a. temporada. A 5a. temporada teve alguns tropeços, mas seguiu firme criando novas situações para Dexter e apresentando todo um novo lado do personagem até então desconhecido. Bem escrita e dirigida e com um elenco perfeito liderado por um
Michael C Hall de matar,
Dexter pavimentou todo um caminho para eu me entregar aos seriados novamente.
True Blood não deixou por menos e me fez esquecer toda a baboseira de vampiros adolescentes, virgens e chatos daquela saga cinematográfica ridícula que prefiro não mencionar o nome. Os vampiros de verdade estão na tevê (esqueçam "The Vampire Daries"). E eles são sexies, lindos, matam, fazem sexo e mordem sem pena (Bill, o lindo
Stephen Moyer, por exemplo, poderia me morder de manhã, de tarde e de noite). Partindo de uma premissa muito bem sacada (vampiros e humanos convivem em uma sociedade "pacificamente"),
True Blood mistura vampiros, lobisomens, metamorfos, fadas, sangue artificial, peitos e bundas e fez minha alegria em 2010.
No quesito comédia, tenho pouco a dizer. Confesso que prefiro o drama à comédia, as lágrimas aos risos, pelo menos audiovisualmente. Comecei a ver
Glee e me deixei levar pela mistura de estilos musicais e referências pop do seriado. A primeira temporada tem episódios sensacionais (o da Madonna é apenas um deles), momentos mágicos que casam música pop e imagem à perfeição (a releitura dos clipes de
Vogue e
Physical são exemplos) e personagens carismáticos (
Sue Sylvester é um tapa na cara dos hipócritas). A segunda temporada perdeu um pouco o brilho, e a série virou um pastiche de si mesma, usando citações só por citar e virando um panfleto contra o bullying.
Já Hung não chega a ser uma comédia no sentido clássico e aposta em uma pegada mais agridoce. A trama, absurda de original e ousada, gira em torno de um quase quarentão fracassado, divorciado e pai de dois filhos que descobre que seus "dotes" podem render dinheiro. Criada por Alexander Payne, dos ótimos filmes "Eleição" e "As Confissões de Schmidt", a série equilibra humor e drama e traz uma química perfeita entre Thomas Jane (o 40tão dotado) e Jane Adams (sua "cafetina"). Roteiro esperto e ironia na medida elevam Hung a um outro patamar. A série conquista aos poucos e ainda traz Anne Heche como a ex-mulher de Jane.
Mas, talvez, o seriado que mais me surpreendeu tenha sido
The Walking Dead. Zumbis sempre foram utilizados como metáforas, seja do que for, desde dos tempos de George Romero. A novidade de
The Walking Dead não está aí, mas sim em colocar esses personagens no centro de uma trama televisiva. Ecos de
Extermínio e o remake de
Madrugada dos Mortos, dois dos filmes que ressuscitaram os zumbis para os novos tempos, podem ser visto aos longos dos seis episódios da primeira temporada, mas isso nem de longe é um demérito.
The Walking Dead tem sua cota de originalidade e mostra um mundo sem esperança e cercado de zumbis por todos os lados. Criada por
Frank Darabont a partir de uma HQ homônima, a série mostra um grupo de pessoas tentando sobreviver aos caos e tendo que lidar com zumbis e os próprios seres humanos em constante estado de tensão em uma situação-limite (Darabont fez uma obra-prima com situação semelhante no excepcional "O Nevoeiro").
Em 2011, novas temporadas começam: "True Blood" inicia a 4a temporada; "Dexter" vai para a sexta, provavelmente a última; "Hung" tem a 3a temporada garantida; "Glee" termina a segunda; e "The Walking Dead" ganha uma segunda temporada com 13 episódios. Novas séries surgirão, outras acabarão. Quero ver 'The Big C", conhecer "United States of Tara', finalmente me entregar a "Mad Men"... Duas coisas são certas: os torrents estão aí e a banda larga é a melhor amiga do homem.