sábado, 8 de janeiro de 2011

2010: os melhores - parte I

2010 foi um ano de transformação, de passagem. Entre idas e vindas, um sonho virou realidade, os amigos e a família ficaram distantes. Foi um ano de desapego, de deixar a segurança e o conforto de lado e apostar no arriscado. Se fui bem-sucedido ou não, só o tempo vai dizer. Entre um pouco de medo, solidão, esperança, desejos e vontades, 2010 foi mais um ano de ver filmes, ir a shows, ouvir músicas e conhecer bandas, me apaixonar por seriados...

Enquanto 2011 não diz a que veio, eu digo o que eu vi e ouvi de melhor em 2010. É uma seleção pessoal e intransferível, sem a menor pretensão de dizer que isso é melhor do que aquilo. É o melhor para mim, sem pretensões estéticas, históricas ou o que for. Ponto. Foram momentos especiais para mim, que me tocaram, alegraram, me deixaram triste, melancólico, nostálgico, ora feliz, ora cinza.

Filmes
Tenho visto cada vez menos filmes. Compro DVDs e os deixo guardados na estante. Baixo filmes e os deixo ocupando espaço no HD. Vou cada vez menos ao cinema, sempre selecionando o que realmente eu vou achar bom, o que me interessa. Tenho me arriscado menos e menos a descobrir novos cineastas, cinematografias diferentes, estéticas novas. A questão da grana pesa, claro, mas acho que é mais um comodismo cinematográfico mesmo.

Entre o pouco que vi esse ano, destaco A Rede Social. Um filme que tinha tudo para ser chato, mas é um achado nas mãos hábeis de David Fincher, um cineasta que é cara dos anos 1990 ("Seven" e "Clube da Luta' estão entre os melhores desta já distante década), mas não ficou parado no tempo.

No quesito "caralho, o que é isso!", vale lembrar de A Origem (resenha aqui), filme para ser visto em tela grande, com a trilha sonora de Hans Zimmer gritando no último volume. Cinema quebra-cabeça. Cinema ousado. Cinema para gente grande. Muita gente amou. Muita gente odiou. E Christopher Nolan, mais uma vez, fez o filme mais falado do ano (em 2008, o diretor realizou a mesma proeza com o épico "Batman, O Cavaleiro das Trevas").

O cinema nacional não ficou atrás e provou que também sabe fazer filme de verdade, não episódios de novela esticados para a tela grande, nem teses chatas sobre o sertão, o árido ou o mundo cão. Em ritmo de filme de ação, José Padilha não apenas quebrou todos os recordes de bilheteria no país, como fez um longa com ampla repercussão e cheio de braços. Tropa de Elite 2 discute cinema, política, sociedade, tudo com maestria, feito por quem sabe manipular imagens e sons como poucos.

Cinema também é emoção. E eu me abro sem medo a filmes que só querem emocionar, mesmo que não inovem ou tenham falhas. Mesmo não sendo perfeitos, Toy Story 3 (resenha aqui) e Direito de Amar (péssimo título para um filme exemplar) estão bem perto de serem. O primeiro é um animação madura e que não tem medo de ser nostálgica e melancólica em alto grau. Um roteiro primoroso nos leva a uma jornada que mostra que crescer é deixar coisas para trás, é desapegar, sofrer e seguir em frente. Um filme infantil que traz um olhar belo e adulto sobre como é preciso deixar o passado em seu lugar para se alcançar o futuro.

Direito de Amar também é sobre perda, sobre como somos afetados por pessoas e elas influenciam nossas escolhas, trajetória e vida. Esteticamente perfeito, o estreante Tom Ford mostra uma realidade impecável, cheia de ternos bem cortados e cabelos milimetricamente penteados, como contraponto a uma vida vazia de sentidos graças à perda de um grande amor, desses que são tipo avassaladores e não deixam pedra sobre peda. Colin Firth, Julianne Moore e a trilha excepcional de Abel Korzeniowski são a cereja do bolo.

Outros destaques:
A bela trilha sonora, cortesia do Daft Punk, e o visual neon de Tron, O Legado (resenha aqui); O olhar delicado de Spike Jonze sobre a imaginação infantil em Onde Vivem os Monstros; A poesia ganha tradução em imagens no belo Brilho de uma Paixão; Michelle Pfeiffer encara a idade sem medo no drama de época Chéri; Martin Scorsese e Roman Polanski demonstram que sabem abraçar as regras de um gênero como poucos em Ilha do Medo e O Escritor Fantasma; Ryan Reynolds prova que é mais do que um rostinho bonito no ótimo e tenso Enterrado Vivo.

Um comentário:

  1. Adoro os filmes que me arrebatam. E assim o fizeram tanto o Toy Story 3 quanto o A Single Man. Fiquei perdida após assistir os dois, chorei em ambos por motivos diferentes. Depois que a gente assite cada um parece que nunca mais vai ser a mesma pessoa, embora a manhã seguinte chegue com alguma dessas verdades idiotas e absolutas para quem tem preguiça de viver.

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