Depois do interessante "Lunar", Duncan Jones, para alguns o filho do ícone David Bowie, demonstra que é realmente um bom diretor de cinema com o thriller de ficção científica Contra o Tempo. Com um ritmo ágil e soluções visuais interessantes, o cineasta aproveita ao máximo a premissa circular do filme para criar tensão e despertar a atenção do público.
Pena que o empenho de Jones seja desperdiçado graças a uma mudança de postura e ritmo do longa. O que começa como um bom exercício de ação, ganha, da metade para o final, um tom mais solene e de redenção que quase coloca tudo a perder. Antes, o que era, de certa forma, original e ousado, se tranforma em uma narrativa convencional e que afunda muito no clichê e no piegas.
O filme ganha força logo no início, ao jogar o espectador no meio da trama sem muitas explicações ou apresentação de personagens. A estrutura repetitiva se sustenta em parte pela mão firme de Jones, que vai apresentando novos elementos ao público e avançado a narrativa, em parte pela competência dos atores, dos carismáticos Jake Gyllenhaal e Michelle Monaghan à competente Vera Farmiga, que vai muito além em um papel bastante limitado.
Os furos de lógica vão se acumulando, mas são deixados de lado em virtude da força e vigor narrativo da produção. À medida em que o convencional toma conta do longa, os furos, antes minimizados pelo envolvimento na trama, vão ganhando novas dimensões e comprometendo o desenrolar da história. O vilão nunca chega a ser uma surpresa, e as mudanças de comportamento dos personagens também não faz muito sentido, ainda que o roteiro tente justificá-las de alguma forma.
O resultado é um filme divertido e até empolgante, mas que poderia ser muito mais. As concessões hollywoodianas acabam diminuindo o potencial da produção. Mas, ainda, assim, "Contra o Tempo" funciona para pavimentar o caminho de Duncan Jones na indústria cinematográfica. Com o roteiro certo em mãos, o cara pode ir muito longe.
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
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