Minha vida é mais assustadora do que Não tenha medo do escuro. Essa poderia ser apenas uma frase de efeito, mas é a mais pura verdade. O filme, escrito e produzido por Guillermo Del Toro, não tem nada de assustador e fica perdido entre o exagero barroco de sua encenação e uma comicidade involuntária.
A boa e velha trama da casa mal assombrada é desperdiçada do início ao fim no filme de Troy Nixey, um desconhecido que se mostra totalmente inapto para criar um mínimo de clima e tensão. O roteiro também não ajuda, convenhamos. A história gira em torno de uma menininha, abandonada pela mãe e meio deixada de lado pelo pai workaholic, que passa a escutar vozes em uma mansão com direção de arte mal feita.
Mal amarrado e cheio de incongruências narrativas, o filme nunca evolui e tudo parece sem graça e feito de forma amadora. A trilha sonora qualquer coisa, um problema grave em um filme de terror, e a fotografia escura e sem um pingo de criatividade só não são piores do que as atuações genéricas de Katie Holmes e Guy Pearce.
A tal da menininha assombrada até tenta impor certa credibilidade ao filme, mas a personagem dela é tão burra que gera mais raiva do que empatia. A própria mitologia em torno dos “vilões” da produção não desperta a menor curiosidade, e as criaturinhas são meros Gremlins do mal, sem o mesmo carisma, claro. Depois de um clímax histérico e uma resolução de quinta que abre espaço para continuações, “Não tenha medo do escuro” é a prova de que só pompa não é suficiente para fazer um filme de terror. Tirando UMA cena realmente interessante em termos visuais e narrativos (envolvendo lençóis, uma máquina fotográfica polaróide e a tal garotinha), o longa é uma tremenda decepção, que só aumenta graças ao envolvimento de Del Toro no projeto.
Sim, infelizmente, minha vida tem menos furos de roteiro e é bem mais assustadora do que “Não tenha medo do escuro”.
A minha também, seu Fábio.
ResponderExcluir