Sofia Coppola filma o vazio e a futilidade como poucos.
The Bling Ring não é diferente. A cineasta constrói belas cenas mostrando
closets, casas suntuosas e filma sapatos, bolsas e roupas caras como se fossem
um personagem a mais em seu novo filme. A produção narra a história de um grupo
de jovens riquinhos em Los Angeles. Sem nada para fazer, eles invadem a casa de
celebridades para experimentar e roubar de um mundo que não é o deles, apesar
deles o conhecerem como se fosse.
A história parece absurda para nós brasileiros, que
raramente deixamos a casa vazia com portas abertas ou chaves debaixo do
carpete. Mas, em Los Angeles, as coisas são diferentes, tanto que o longa é
inspirado em uma história real.
Realidade ou ficção, Coppola parte de um ponto senso
comum e chega a uma conclusão um tanto óbvia em seu novo trabalho: a juventude
de hoje é oca, preocupada demais com aparência, marcas ostensivas e um mundo de
celebridades onipresente, ainda que longe de realidade da maioria de nós meros
mortais. Os jovens do universo retratado por Coppola não largam o smartphone,
andam como se estivessem em desfiles de moda e são donos de uma arrogância
típica da juventude. Não sabemos o que os move, e a diretora também não parece
muito preocupada em desvendar suas razões.
Sendo assim, “The Bling Ring” começa de modo
interessante, trocando a típica paisagem sonora Sofia Coppola de ser (composta pelo
som etéreo do Air e Phoenix) pelo hip hop de Kayne West, Frank Ocean, M.I.A, Azealia
Banks e Chris Brown, o som que representa essa nova geração hiperbólica. A
empolgação e a vibração do início, porém, vão perdendo o brilho na medida em
que o deslumbramento inicial das invasões vira rotina dentro de um roteiro que
não tem muito a dizer (e quando tem, é apenas o básico).
Os comentários da cineasta até existem e permeiam o filme
por meio de entrevistas com os jovens envolvidos nas invasões e nos roubos.
Eles, no entanto, são um tanto desnecessários e acrescentam pouco à dinâmica da
produção, apenas emperrando o ritmo de um longa que flerta mais com a
velocidade de informações que nos bombardeiam hoje do que com a contemplação
dos trabalhos anteriores da diretora. O vazio narrativo de Sofia dá lugar a
um vazio de significados. Não deixa de ser um caminho diferente escolhido por ela, ainda que a temática (juventude, vazio, banalidade) e a ambientação (Los
Angeles) sejam comuns à filmografia da cineasta.
“The Bling Ring” pode não ser um grande trabalho, mas é
um filme divertido, bem filmado e com um bom elenco jovem de rostos
desconhecidos (exceção de Emma Watson e Taissa Farmiga). É quase Coppola
flertando com a comédia, ainda que o riso surja menos por meio de situações e
mais de um olhar irônico sobre a coisa toda. Mas falta algo: talvez uma
compaixão maior da diretora pelos próprios personagens ou mesmo um olhar sem
tantos julgamentos.