quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Cinema: Frances Ha

A melhor coisa de Frances Ha, nova incursão do diretor Noah Baumbach (“A Lula e a Baleia”) na seara do cinema independente norte-americano, é mesmo a personagem que dá título ao filme. Frances Ha tem vinte e muitos anos, não tem muita grana, brinca de ser bailarina contemporânea nas horas vagas e circula pelas ruas de Nova York sempre com um sorriso no rosto. Ela é meio abobalhada, tem certo talento para se meter em situações constrangedoras e passeia por empregos, casas e casos sem se fixar a nenhum deles. Ou seja, segundo as normas da sociedade atual, precisa dar um rumo na vida.

É Frances Ha (interpretada de modo bastante carismático por Greta Gerwig) que dá vida a esse filme de Baumbach, que, para o bem e para o mal, poderia ser confundido com um episódio esticado da série cult-indie-moderninha do momento: “Gilrs”, com a vantagem da personagem (e atriz) ser bem menos chata do que a personagem (e atriz) de “Girls” (Lena Dunham).

Gerwig pode não ter uma dramaticidade a la Meryl Streep, mas empresta ao longa uma naturalidade que o distancia do mero exercício independente. É a atriz (e a personagem) que cola as cenas soltas e as situações esparsas que vão acontecendo ao longo de quase 90 minutos. Ela é o coração e a alma desse filme delicado e simpático, mas quase banal

Quanto à produção em si, Baumbach já fez melhor antes, mas, ainda assim, “Frances Ha” é um filme bem fácil de assistir. O roteiro cheio de saltos narrativos não atrapalha. Os diálogos são inteligentes e engraçados. A fotografia em preto & branco não se justifica, mas empresta certa aura nostálgica ao longa. A trilha sonora é bonitinha e está toda no lugar. E os coadjuvantes podem não ser grandes personagens, mas dão o suporte necessário para Frances/Greta brilhar. Pode ser pouco, mas também pode ser muito.

PS: a péssima projeção com o som baixíssimo da sala do Reserva Cultural não ajuda muito.

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