É, acho que no fundo eu tenho um pé na nerdice. Nada em
Círculo de Fogo me deixou empolgado antes de sua estreia: nem o trailer, os
cartazes ou a direção de Guillermo Del Toro. Aliás, toda a campanha “ui que
geek!” só me deixou com preguiça de assistir ao filme, e minha expectativa era
zero. Mas a verdade é que o longa é muito, muito divertido.
Sim, a produção está longe de ser perfeita, e algumas
opções de Del Toro podem até ser entendidas, mas não deixam de ser um tanto
frustrantes. A fotografia é escura demais; o típico tom ufanista do cinemão hollywoodiano marca presença; a destruição é em massa, mas é tudo limpinho demais,
não se vê mortes ou sangue. Normal, mas frustrante sim.
Mas a preocupação de Del Toro não é subverter um gênero ou virar paradigma, e sim entregar um puta filme de aventura, ação e destruição em escala épica, o que ele faz com certo louvor. Está certo que os personagens são sofríveis, os diálogos, rasteiros e o humor válvula de escape raramente funciona (os dois cientistas são bem chatinhos). Mas as batalhas são épicas, a trilha sonora encontra o tom certo entre a grandiosidade e o sentimentalismo, e o ritmo é bem correto e não deixa aquela sensação cada vez mais comuns em filmes de ação que a porra toda poderia ser bem mais curta.
O visual do filme também é bem interessante, no que diz respeito à direção de arte (Hong Kong é totalmente chupada de “Blade Runner”) e ao colorido neon que, às vezes, domina a fotografia. Os robôs gigantes impressionam (eles são pesados e sua movimentação é bem real), já os monstros nem tanto (sim, culpa da fotografia escura que não mostra muitos detalhes e os deixa com caras de esboços incompletos).
Um dos maiores problemas de “Círculo de Fogo”, no entanto, nem são os personagens marcados para morrer ou vencer desde o início do filme, mas sim a própria construção de sua mitologia, entregue em um início bem didático e preguiçoso em voz off. Mas se o longa não inova em termos de estrutura ou mesmo efeitos, pelo menos Del Toro sabe focar no que o filme tem de melhor: as lutas grandiosas e seu potencial para a diversão. E sem direito a gancho chato para a continuação. Imperfeito sim, mas entretenimento e dos bons.
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