Em algum momento da história do
cinema, Hollywood percebeu que, muitas vezes, o público ia ao cinema em busca
de seus astros favoritos. Mais do que a trama, o diretor ou as qualidades
artísticas, técnicas ou estéticas de um filme, o povo queria mesmo era ver o
rostinho bonito do ator ou atriz favorito (a).
O tempo passou e muita coisa
mudou. Hoje os astros ainda importam, mas em tempos de franquias, remakes,
sequências, efeitos especiais e barulho, nem sempre o público está interessado
nos atores. Pouco importa o nome por trás das armas e do terno de James Bond,
da varinha de Harry Potter ou da máscara do Batman. O público vai aonde o
marketing o levar. Na engrenagem hollywoodiana, rostos conhecidos ainda contam,
mas não mais como antes.
Mesmo assim, um determinado tipo
de filme ainda se apoia basicamente na força de seus astros e estrelas.
Geralmente, são filmes que funcionam como um veículo para determinado nome
brilhar e mostrar beleza, carisma e/ou talento. Em alguns casos, essas
produções valem a pena e vão além de um mero trampolim para o ator. Em outros,
esses longas só sobrevivem e se destacam graças ao nome de um astro envolvido.
Esse final de semana, graças a
uma bela febre, assisti a três desses filmes que se ancoram no nome de alguém
para sobreviver na multidão audiovisual. Um deles é bom, mas passou batido pelo
grande público, mesmo tendo uma interpretação brilhante da atriz principal.
As outras duas produções são um lixo e só ganharam destaque porque as atrizes
foram indicadas ao Oscar.
Julia – Tilda Swinton é a melhor
atriz da atualidade. Basta ver filmes como “I am Love”, “Precisamos Falar sobre
Kevin” e esse Julia para ter certeza disso. Sem muitos pudores, a atriz se
despe de vaidades e escolhe a dedos seus papéis, sempre entregando uma
interpretação comovente. Em “Julia”, a atriz faz uma mulher alcoólatra e sem
rumo na vida que, em um ato desesperado, sequestra um garoto para conseguir
algum dinheiro. O filme não foge muito do convencional e, depois de apresentar a
personagem e estabelecer a trama, foca suas lentes na relação que se constrói
entre Julia e a criança. O diretor Erick Zonca parece apaixonado demais por
Julia/Tilda e alonga o filme ao máximo, mas ainda assim consegue estabelecer
tensão e suspense, mesmo entregando o típico desfecho hollywoodiano de
redenção. Pouco importa: o show é mesmo de Tilda Swinton, ora perdida e covarde,
ora visceral e corajosa, mas sempre marcante.
A Dama de Ferro – A única razão de
esse filme existir é a de dar mais uma indicação ao Oscar para Meryl Streep,
uma atriz fantástica que se mete cada vez mais em roubadas para demonstrar sua fama
de versátil. Aqui ela interpreta a líder política inglesa Margaret Tatcher e
consegue mais uma vez os holofotes para si (ganhou vários prêmios, inclusive o
tão sonhado terceiro Oscar, pela pesada caracterização que entrega ao público).
O filme em si é lamentável. Cinematograficamente é uma nulidade, mais parecendo
uma produção feita para TV, da época em que isso não era elogio. Narrado em
forma de flashback, o longa é fragmentado demais e passa longe de ser um
trabalho revelador e esclarecedor sobre a figura da Primeira-Ministra. Fugindo
das polêmicas, A Dama de Ferro fica em cima do muro e transforma uma das
personagens mais controversas do século XX em uma vovozinha senil. É
vergonhoso. E a interpretação de Streep é apenas correta, extremamente técnica
e nada, nada emocional.
Albert Nobbs – Glenn Close não é
mais uma estrela que atrai público aos cinemas há um bom tempo. Mas como esse
filme é um projeto pessoal da atriz que levou anos para chegar às telas, o
longa chamou certa atenção, e a atriz levou uma indicação ao Oscar para casa.
Dirigido de forma apática e convencional por Rodrigo Garcia, diretor qualquer
nota de filmes-mosaico como “Coisas que Eu Poderia Dizer Só de Olhar para Ela”
e “Destinos Ligados”, Albert Nobbs é uma dessas típicas produções de época
que muito promete e pouco entrega. O filme é tão sem graça quanto seu/sua
protagonista é sem carisma. Glenn Close acerta na postura, olhar e entonação do
garçom que na verdade é uma mulher (o trabalho corporal da atriz fica mais
evidente na cena em que ela se veste como mulher e vai caminhar desengonçada na
praia), mas erra ao transformar o personagem em uma pessoa chata e sem emoção.
O trabalho preguiçoso de Garcia segue o mesmo caminho, e o filme naufraga ao
não causar nenhum tipo impacto.
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
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