Mas pelo menos ela sofre com
estilo no filme de Terence Davies. Por meio de uma bela fotografia e de uma ambientação
cheia de fumaças, espelhos, sombras e luzes, o diretor entrega seu filme a Rachel Weisz e
constrói um retrato sutil do início e término de um relacionamento que deixa
como resultado uma mulher sem nada, apenas alguns tacos de golfe e a esperança.
Indo e voltando no tempo, Davies
usa o rosto luminoso da atriz para mostrar as mudanças e as transformações que
a personagem passa ao abandonar o marido (Simon Russell Beale), que ainda vive
sob as rédeas da mãe, pelo sorriso aberto e os olhos claros e cheios de vida de
Tom Hiddleston (um sub Michael Fassbender).
Seguindo a tradição das heroínas
românticas dos filmes de época, nem tudo são flores no caminho de Weisz. Mas o
filme opta por não exagerar no sofrimento da personagem e deixa todo o drama recair
na interpretação da atriz e na mise-en-scène bem elaborada. A música começa
quase de modo operístico, mas desaparece muitas vezes para deixar o espectador
respirar a história. As idas e vindas no tempo servem para balancear a trama e
contrapor a felicidade e a tristeza da protagonista, afastando-se do melodrama fácil.
Davies filma com apuro
estético, mas sem afogar a história apenas em técnica vazia. O longa leva seu tempo, é
editado em um ritmo lento, mas certeiro. No final, “Amor Profundo” pode não ser
uma experiência arrebatadora, como é a paixão de Hester pelo soldado Freddie,
mas é um exercício cinematográfico que vale pela maturidade com que é filmado. A
aura do filme ainda remete, mesmo que as produções tenham tramas bem diferentes,
ao igualmente belo e doloroso Fim de Caso, de
Neil Jordan. Se lá temos uma sofredora e temente Julianne Moore, aqui temos
Rachel Weisz em um de seus melhores papéis.
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