sexta-feira, 24 de maio de 2013

Cinema: Terapia de Risco


Terapia de Risco é Steven Soderbergh fazendo suspense genérico no melhor estilo Supercine. É o típico filme que você assiste e presta atenção na fila de reviravoltas, mas não diz nada porque parece ser feito em série. Se não fosse pelo nome do cineasta e os rostinhos bonitos da vez expostas no cartaz, essa trama hitchcockiana de quinta passaria batida e seria lançada direto em vídeo. Como o longa traz a grife de Soderbergh estampada na paleta de cores habitual do diretor e estrela os queridinhos Jude Law, Rooney Mara, Catherine Zeta-Jones e Channing Tatum, a gente paga caro para ver na tela grande e ainda dá check-in no Foursquare e no GetGlue sem medo de passar vergonha.
A história começa promissora, dando a ideia de que o filme será um estudo de caso sobre os efeitos colaterais dos remédios para a depressão e as artimanhas que a indústria farmacêutica usa para atrair mais consumidores. Mas logo vemos que essa premissa inicial é deixada de lado para a produção abraçar um suspense com toques de noir lesbian chic. Tudo muito bem envernizado para agradar plateias de todos os gostos.

Alguém pode bradar e dizer que a produção não passa de um exercício de estilo de Soderbergh, aqui arriscando enveredar pelo cinema de gênero. Mas outros cineastas “autores” já fizeram isso e se saíram bem melhor, vide Martin Scorsese em “Cabo do Medo” e “A Ilha do Medo”, pra ficar em um exemplo. Pode ser também apenas um problema de expectativas em relação ao trabalho de um diretor que já foi bem mais interessante um dia, tanto estética quanto tematicamente.
Entre uma tomada interessante aqui e um ritmo fluido ali, temos Jude Law bancando o herói hitchcokiano habitual, alguém que está no lugar errado na hora errada, Catherine Zeta-Jones no limite da canastrice e uma Rooney Mara que não convence nem como mulher depressiva muito menos como femme fatale. Channing Tatum faz o papel de galã coadjuvante amigo de Soderbergh da vez. E o público fica dividido entre a realização correta, a ideologia caretinha e a expectativa de um filme melhor que nunca acontece.

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