Terapia de Risco é Steven
Soderbergh fazendo suspense genérico no melhor estilo Supercine. É o típico filme que
você assiste e presta atenção na fila de reviravoltas, mas não diz nada porque parece
ser feito em série. Se não fosse pelo nome do cineasta e os rostinhos bonitos da
vez expostas no cartaz, essa trama hitchcockiana de quinta passaria batida e seria lançada direto
em vídeo. Como o longa traz a grife de Soderbergh estampada na paleta de cores
habitual do diretor e estrela os queridinhos Jude Law, Rooney Mara, Catherine
Zeta-Jones e Channing Tatum, a gente paga caro para ver na tela grande e ainda
dá check-in no Foursquare e no GetGlue sem medo de passar vergonha.
A história começa promissora,
dando a ideia de que o filme será um estudo de caso sobre os efeitos colaterais
dos remédios para a depressão e as artimanhas que a indústria farmacêutica usa
para atrair mais consumidores. Mas logo vemos que essa premissa inicial é
deixada de lado para a produção abraçar um suspense com toques de noir lesbian
chic. Tudo muito bem envernizado para agradar plateias de todos os gostos.
Alguém pode bradar e dizer que a
produção não passa de um exercício de estilo de Soderbergh, aqui arriscando
enveredar pelo cinema de gênero. Mas outros cineastas “autores” já fizeram isso
e se saíram bem melhor, vide Martin Scorsese em “Cabo do Medo” e “A Ilha do
Medo”, pra ficar em um exemplo. Pode ser também apenas um problema de
expectativas em relação ao trabalho de um diretor que já foi bem mais
interessante um dia, tanto estética quanto tematicamente.
Entre uma tomada interessante
aqui e um ritmo fluido ali, temos Jude Law bancando o herói hitchcokiano habitual,
alguém que está no lugar errado na hora errada, Catherine Zeta-Jones no limite
da canastrice e uma Rooney Mara que não convence nem como mulher depressiva
muito menos como femme fatale. Channing Tatum faz o papel de galã coadjuvante
amigo de Soderbergh da vez. E o público fica dividido entre a realização
correta, a ideologia caretinha e a expectativa de um filme melhor que nunca
acontece.
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