Na linha “é melhor ser fudido junto que sozinho”, Ferrugem e Osso é desses longas que chegam como uma voadora no peito. Sem muito alívio ou referências, somos apresentados a Alain (Matthias Schoenaerts) e Stéphanie (Marion Cotillard). Ele trabalha como segurança e não faz a menor ideia do que fazer com o filho de cinco anos. Ela é uma treinadora de baleias que perde as pernas e a vontade de viver em um acidente. Ambos têm algo em comum: são quase ímãs de tragédias pessoais. Eventualmente os dois se esbarram e acabam usando um ao outro em uma relação de dependência mútua (tem um nome lindo na biologia pra isso, mas não lembro qual é e nem vou atrás de saber).
Com um plot assim, não dá para esperar um filme feliz de “Ferrugem e Osso”. E Jacques Audiard (“O Profeta”) também não faz muita questão de minimizar a dor dos personagens (e consequentemente do público). O cineasta filma com elegância, usando câmeras lentas e uma fotografia que aposta sempre na luz do sol estourando para tentar tirar alguma beleza do vazio e desespero de seus personagens. Audiard também filma de uma forma que deixa a impressão que alguma merda está sempre prestes a acontecer. E elas acontecem.
Seja pelo ótimo desempenho dos atores ou carinho com que Audiard narra a história dessas duas almas perdidas (as cenas de sexo e luta são filmadas com a mesma intensidade e beleza), “Ferrugem e Osso” evita ser um longa extremamente desesperançoso, ainda que assuma ser pesado. Longe de ter um típico final feliz, o filme termina com uma lição: os fudidos também amam.
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