Para demonstrar o amor que Adéle sente por Emma, Kechiche não se constrange em explorar o corpo das atrizes ou mesmo detalhar sem meio termos os atos sexuais entre as duas. Nesse sentido, o longa é bem gráfico e desnuda suas atrizes para deixar claro a intensidade da relação entre as duas. É uma abordagem visceral que chega a incomodar pela crueza das imagens, mas devidamente contornada pela honestidade e naturalidade das atuações.
Sem se preocupar com demarcações de tempo, Kechiche não tem pressa em apresentar sua protagonista e como ela conhece e se apaixona por Emma, garota mais velha, independente e assumida que, com seus cabelos azulados, transforma Adèle. Estabelecida a conexão entre ambas, o diretor passa a se preocupar mais com a rotina que, eventualmente, mina esse relacionamento.
Polêmicas à parte, essa é a parte mais dolorida de Azul é a Cor Mais Quente. Não é fácil acompanhar o distanciamento que se estabelece entre as duas e como ele as afetará. O filme pega então pela identificação. Quem nunca passou pela alegria de amar para logo em seguida ver esse sentimento se transformar em algo que não parece mais fazer sentido? Depois de muito sexo, paixão, brigas, encontros e desencontros, é quando Adèle (Adèle Exarchopoulos) sai caminhando sozinha da exposição de Emma (Léa Seydoux), já no final do filme, que “Azul é a Cor Mais Quente” nos dá a real dimensão de que amar é mesmo foda.
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