Edwards não poupa barulho. Godzilla tem terremotos, tsunamis, explosões e monstros gigantes brigando e destruindo cidades. O cineasta segue direitinho a cartilha dos filmes-catástrofe, trazendo drama, suspense, tensão e muitos efeitos. A balança, claro, pende para um lado. Apesar de o elenco (Juliette Binoche, Elizabeth Olsen, Bryan Cranston, Sally Hawkins, David Strathairn, Ken Watanabe e Aaron Taylor-Johnson) anunciar que a dramaticidade aqui poderia se sobressair, é a urgência que o cineasta imprime à produção que chama a atenção.
“Godzilla” demora um pouco a engrenar e traz todo aquele blábláblá científico que tenta dar coerência à coisa toda e pouco funciona na tela grande. Mas assim que somos apresentados aos personagens e à trama, o filme flui e vai crescendo em tensão. Interessa-nos menos o drama dos personagens (a maioria tem muito pouco a fazer em cena) e mais a forma como o cineasta filma seu espetáculo audiovisual.
E “Godzilla” é um belo espetáculo. Edwards confia nos efeitos especiais e não tem medo de mostrar seus monstros em detalhes. Ele também confia na ação que está construindo e não picota as cenas a ponto de deixá-las sempre incompreensíveis. Amparado por um belo trabalho de som, o diretor entrega um longa que demonstra certo apuro estético, e algumas cenas são de uma plasticidade e tensão que impressionam (a do trem na névoa e a dos paraquedistas saltando para uma missão impossível são as que se destacam).
Ao contrário da última produção hollywoodiana sobre o monstro, Godzilla aqui é um dos mocinhos do filme. A partir da premissa estabelecida pelo longa (Godzilla salva o mundo), Edwards tenta traçar paralelos entre o monstro e seu personagem principal (Aaron Taylor-Johnson), que segue trajetória parecida ao dos protagonistas de seu trabalho anterior. Ambos são colocados de forma involuntária em determinada situação e percorrem todo um trajeto de destruição até chegarem ao seu destino final (a diferença é que ,em “Godzilla”, Taylor-Johnson não é um mero observador da ação como o casal de “Monstros”).
Ainda que não seja o grande filme que todos esperavam, "Godzilla" é aquele tipo de produção que de certa forma redime os blockbusters e prova que explosões, efeitos especiais e muito barulho também podem combinar com bom cinema.
PS: A título de comparação, o filme funciona bem melhor que "Cloverfield", "Super 8" e "Círculo de Fogo", exemplos recentes que se enquadram na categoria "monstros destruindo tudo".
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