Para mim, Lost in Translation, Eternal Sunshine of the
Spotless Mind e Her formam uma bela trilogia. São filmes diferentes, com
diretores e atores diferentes e assinaturas visuais distintas, mas que
funcionam muito bem em conjunto quando assistidos um atrás do outro. Os três
filmes têm em comum casais bem diversos entre si que sofrem ao som de uma
trilha sonora indie e se dividem entre desejo e realidade. Os três longas são
quase como uma trilogia indie para corações solitários, cada qual trazendo um
olhar melancólico sobre o amor e suas consequências em jovens adultos perdidos
na vida.

Her, de Spike Jonze, fecha a trilogia apostando no caminho do meio termo. O olhar de Jonze não deixa a poesia se sobrepor à dramaticidade como no trabalho de (sua ex-mulher) Sofia Coppola, mas também não se prende tanto ao roteiro como na produção de Gondry. Passeando entre a beleza de suas imagens e direção de arte e a força da palavra, Jonze retrata uma relação além do conceito de normal para discutir várias questões pertinentes ao nosso comportamento nos dias de hoje. Theodore (interpretado lindamente por Joaquim Phoenix) é um moço que ainda sofre com a separação da ex-mulher (Rooney Mara) e que se pega em um relacionamento com seu novo sistema operacional (mais uma Scarlett Johansson, aqui apenas em voz deliciosamente sedutora). Os tons pastéis na fotografia e nos figurinos e a trilha sonora melancólica, cortesia de parte do Arcade Fire, embalam muito bem a proposta de Jonze em construir uma produção agridoce que vai muito além do rótulo de comédia romântica.
Os três filmes, na verdade, trabalham muito bem nessa chave que mistura elementos da comédia romântica (garoto encontra garota) com muitas pitadas de drama para discutir amor, relacionamento, possibilidades, memória, desejo, expectativas e por aí vai. O melhor: ambos são melancólicos, mas terminam cheios de esperança.
PS: os três filmes levaram para casa o Oscar de melhor roteiro original, ou seja...
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