Teoricamente, a ideia era deixar
de lado um cinema mais autoral e cabeça que marcou seus últimos trabalhos e
voltar aos bons tempos das comédias coloridas, rasgadas e bizarras do início da
carreira do diretor. Na teoria, é isso mesmo. Na prática, é um dos filmes mais
infelizes de Almodóvar. Preguiçoso, mal dirigido e escrito, “Os Amantes
Passageiros” não acrescenta em nada à carreira do cineasta e é puro Almodóvar
fazendo, mal, pastiche de si mesmo.
O fiapo de trama se passa dentro de um
avião, apresentando um mosaico de personagens tipicamente almodovarianos
perdidos em meio a um filme sem roteiro, com timing cômico zero e direito à
produção ruim de sitcom. As cores estão lá, a música está lá, os típicos
atores-fetiche do diretor estão lá (fazendo praticamente nada), as piadas
sexuais também estão lá. Tudo fora da ordem e sem controle.
Não vou aqui mentir e dizer que não
dei umas gargalhadas. Dei sim. Mas e daí? Entre um riso solto aqui e outro
acolá, o que fica é a impressão que Almodóvar dirigiu esse filme no piloto automático
(com direito a trocadilho, sim). No final das contas, “Os Amantes Passageiros”
é Pedro Almodóvar dirigindo para o mesmo público que lota cinemas para ver
comédias genéricas globais do inferno como “Se eu fosse você” ou “De pernas pro
ar” e acha tudo um divertimento só. Um horror, um horror! No quesito comédias dentro de um avião, ainda fico com "Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu!".
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