segunda-feira, 15 de julho de 2013

Série: In The Flesh

Em um mundo empestado por zumbis na televisão, cinema, HQs, literatura e tudo mais, é um alívio ver um produto novo desse subgênero com uma abordagem diferente. Em In The Flesh, seriado interessantíssimo da BBC de apenas três episódios, os zumbis funcionam como uma metáfora das minorias de sempre. Eles não foram infectados por vírus ou se transformaram graças a uma mordida. Eles são pessoas que morreram e levantaram na tumba no dia da Ascensão. Depois de medicados, os zumbis (ou pessoas que sofrem de paralisia parcial do cérebro, no modo politicamente correto) são reintegrados à sociedade. Eles são filhos, pais, mães e amigos. E aí começa o drama do seriado.

“In The Flesh” segue essa reintegração a partir da volta de um adolescente melancólico à casa dos pais em uma cidade do interior da Inglaterra. Kieren é bem recebido pelos pais ansiosos em revê-lo depois de uma morte trágica, mas rejeitado pela irmã mais nova. A cidade também não está satisfeita com a reintegração dos mortos-vivos ao convívio social e brada em alto e bom som, em reuniões na igreja, que eles são demônios e não filhos de Deus. Política, religião e preconceito entram então na roda de discussão do seriado. Como gays, negros, latinos, pobres, portadores de doenças e outras minorias, os zumbis sentem na pele (coberta por maquiagem e lentes de contato para minimizar o impacto visual de sua condição) o medo que temos do diferente.
A chave de “In The Flesh” é então o drama, e não o terror e o suspense. A série está mais preocupada com o preconceito e as implicações que ele causa do que com o medo de zumbis que andam se arrastando e estão famintos por cérebros. É a culpa de Kieran em ter matado para “sobreviver”, antes de começar a receber a medicação, que está no centro do seriado. É a cegueira de um pai que discrimina e mata os zumbis, mas não consegue enxergar que seu filho é um deles que impulsiona a série.

Mesmo redondinha e fechada, “In The Flesh” deixa uma série de portas abertas para uma nova temporada. Assim como alguns mutantes em X-Men ou os vampiros de True Blood, o seriado apenas pincela a ideia de que alguns zumbis se consideram uma evolução da espécie humana e matar humanos está mesmo na essência deles, sendo contrários à aplicação dos remédios que os mantêm controlados. Se a série realmente sobreviver, seria uma ótima aposta de continuidade da trama.

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